EN : After the Palais de Tokyo, the exhibition Sarah Maldoror tricontinentale moves to Lisbon from September 8 to November 22, 2022
FR : Après le Palais de Tokyo, l’exposition Sarah Maldoror tricontinentale se déplace à Lisbonne du 8 septembre au 22 novembre 2022
PORT : Depois do Palácio de Tóquio, a exposição Sarah Maldoror tricontinentale muda-se para Lisboa de 8 de setembro a 22 de novembro de 2022
Exposição organizada pelo Palais de Tokyo, Paris, e pelas Galerias Municipais, Lisboa no âmbito da programação da Temporada Portugal – França 2022 com apoio de Institut français, Instituto Camões e Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais. A exposição foi apresentada no Palais de Tokyo entre 25/11/2021 e 13/03/2022.
A obra da cineasta Sarah Maldoror encontra-se associada às lutas de libertação de várias nações do continente africano nas décadas de 1960 e 1970, as quais constituem o tema e pano de fundo de muitos dos seus filmes. Nascida em Gers, em 1929, a cineasta emerge na cena cultural parisiense em meados da década de 1950, utilizando já o nome adotado de Maldoror em alusão ao herói maléfico dos Cantos de Maldoror (1868) do Conde de Lautréamont, redescobertos e celebrados pelos poetas surrealistas e nos quais Aimé Césaire encontrava “o homem de ferro forjado pela sociedade capitalista” (in Discurso sobre o Colonialismo, 1950).
Cliquez pour en savoir plus !À época, Sarah Maldoror fundava Les Griots, a primeira companhia de teatro de atrizes e atores afrodescendentes em França, que se tornou famosa com a escandalosa produção de Os Negros, de Jean Genet. Porém, Maldoror já se encontrava noutro lugar, a Leste e a Sul: em África, com o seu parceiro Mário Pinto de Andrade, em Moscovo para estudar cinema, e depois em Argel, antes de se instalar em Saint-Denis, perto de Paris, a partir de onde continuaria a viajar, pelas Caraíbas e pelos continentes africano e americano.
Sarah Maldoror realizou mais de 45 filmes, de todos os géneros e durações, aos quais se podem acrescentar outros tantos projetos que não foi capaz de levar a termo. Nenhum dos seus filmes obedece completamente às leis do género cinematográfico – documentário, ficção, retrato, paisagem… –, mas todos eles se assemelham no cuidado que demonstram em colocar a poesia à frente do discurso, em combater o preconceito e o racismo e em nunca sacrificar a experiência quotidiana da vida das pessoas em prol das ideias, numa ética que a própria encarnou até à sua morte, na primavera de 2020. Dedicar uma exposição a Sarah Maldoror é um convite para descobrir uma vasta seleção dos seus filmes, apresentando-os como uma “paisagem de filmes”, sem qualquer hierarquia entre os diferentes projetos. A exposição é também uma oportunidade para iniciar a narrativa das mil vidas de Sarah Maldoror, criando associações com as obras e os artistas que foram convidados a reagir ao seu trabalho. Estes e estas projetam uma luz oblíqua sobre a sua obra, destacando os seus relevos e geografias. Esta abordagem parece-nos, a nós, mais adequada que a da luz crua da biografia para uma cineasta que não gostava nem do passado nem dos tributos em fim de vida.
– Cédric Fauq & François Piron
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