A Life of Poetry and Struggles _ Escola das Artes
Sarah Maldoror foi uma cineasta cujo trabalho permanece ligado à luta pela independência em várias nações africanas nas décadas de 1960 e 1970, à qual ela dedicou muitos dos seus filmes. Nascida na cidade de Condom, no sul da França, em 1929, ela fez sua primeira aparição na cena parisiense em meados da década de 1950, já carregando seu nome escolhido de Maldoror, o herói maligno dos Cantos do Conde de Lautréamont, redescoberto pelos surrealistas e citado por Aimé Césaire no seu Discours sur le colonialisme (1950) como “o homem de ferro forjado pela sociedade capitalista”.
Aluna da La Rue Blanche Theater School, Sarah Maldoror fundou Les Griots, a primeira companhia de teatro de atrizes e atores negros na França, que se tornará nacionalmente famosa por encenar a peça Les Nègres de Jean Genet. Mas Maldoror já estava noutro lugar: em África com o seu companheiro Mário Pinto de Andrade, em Moscovo para estudar cinema, e depois na Argélia, na Martinica, em Saint-Denis…
Sarah Maldoror realizou mais de 45 filmes de todos os géneros e durações, juntamente com quase o mesmo número de projetos que nunca conseguiu concluir. Embora nenhum de seus filmes obedecesse completamente às regras dos géneros — documentário, ficção, retrato, paisagem, etc. — todos eles se assemelham a ela pela sua atenção ao colocar a poesia antes do discurso, ao combater o preconceito e o racismo e em nunca colocar as ideias antes das vidas das pessoas agindo no curso quotidiano da sua existência, assim como ela mesma fez até à sua morte na primavera de 2020.
Este ciclo faz parte do programa do Spring Seminar 2025 intitulado Politics of Curatorship e do programa da Exposição Profundidade de Campo, de Mónica de Miranda, na Sala de Exposições da Escola das Artes e na Galeria Municipal do Porto.